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segunda-feira, 16 de março de 2015

Os Contos de Beedle, o Bardo: O Bruxo e o Caldeirão Saltitante

     Lumos!
     Oi Potterheads! Lembram-se de que em As Relíquias da Morte, o Prof. Dumbledore deixa, em seu testamento, um exemplar de "Os Contos de Beedle, o Bardo" para Hermione? Alguns de vocês já leu alguma das histórias desse livro? Caso não, vou colocar alguns posts com essas histórias bruxas, a começar por essa:


O Bruxo e o Caldeirão Saltitante



    Era uma vez um velho bruxo muito bondoso que usava magia com generosidade e sabedoria para beneficiar seus vizinhos. Em vez de revelar a verdadeira fonte do seu poder, ele fingia que suas poções, amuletos e antídotos saíam prontos de um pequeno caldeirão a que ele chamava de sua panelinha da sorte. De muitos quilômetros ao redor, as pessoas vinham lhe trazer seus problemas, e o bruxo, prazerosamente, dava uma mexida na panelinha e resolvia tudo.
     Esse bruxo muito querido viveu até uma idade avançada e, ao morrer, deixou todos os seu bens para o único filho. O rapaz, porém, tinha uma natureza bem diferente da do bom pai. Na sua opinião, quem não sabia fazer mágicas não valia nada, e ele muitas vezes discordava do hábito que o pai tinha de ajudar os vizinhos com sua magia.
  Quando o velho morreu, o jovem encontrou escondido no fundo da velha panela um embrulhinho com o seu nome. Abriu-o na expectativa de ver ouro, mas, em lugar disso, encontrou uma pantufa grossa e macia, pequena de mais para ele e sem par. Dentro dela, um pedaço de pergaminho trazia a seguinte frase: "Afetuosamente, meu filho, na esperança de que você jamais precise usá-la."
     O filho amaldiçoou a caduquice do pai e atirou a pantufa no caldeirão, decidindo que passaria a usá-lo como lixeira.
     Naquela mesma noite, uma camponesa bateu à porta da casa.
     
   -Minha neta apareceu com uma infestação de verrugas, meu senhor. O seu pai costumava preparar um cataplasma especial naquela panela velha...
     -Fora daqui! - exclamou o filho. - Que me importam as verrugas da sua pirralha?

     E bateu a porta na cara da velha.
    Na mesma hora, ele ouviu clangores e rumores que vinham da cozinha. O bruxo acendeu sua varinha e abriu a porta, e ali, para seu espanto, viu que brotara um pé de latão na velha panela do pai, e o objeto pulava no meio da cozinha fazendo uma zoada assustadora no piso de pedra. O bruxo se aproximou admirado, mas recuou ligeiro quando viu que a superfície da panela estava inteiramente coberta de verrugas.

     -Objeto nojento! - exclamou ele, e, com feitiços, tentou primeiro fazer desaparecer o caldeirão, depois limpá-lo e, por fim, expulsá-lo de casa. Nenhum dos feitiços, porém, fez efeito, e ele não pôde impedir o caldeirão de segui-lo saltitante para fora da cozinha, e depois subir com ele para o quarto, alternando batidas surdas e estridentes a cada degrau da escada de madeira.

     O bruxo não conseguiu dormir a noite toda por causa das batidas da velha panela verrugosa ao lado de sua cama, e, na manhã seguinte, a panela insistiu em acompanhá-lo, aos saltos, à mesa do café da manhã. Plem, plem, plem fazia o pé de latão, e o bruxo ainda nem começara o seu mingau de aveia quando ouviu outra batida na porta.
     Havia um velho parado na soleira.

     -É a minha velha jumenta, meu senhor - explicou ele. - Perdeu-se ou foi roubada, e sem ela não posso levar os meus produtos ao mercado e minha família passará fome hoje à noite.
     -Com fome estou eu agora! - brandou o bruxo, e bateu a porta na cara do velho.

     Plem, plem, plem fez o caldeirão no chão com aquele seu único pé de latão, mas agora o estrépito se misturava aos zurros de um jumento e aos gemidos humanos de fome que vinham de sua profundezas.
     
     -Pare! Silêncio! - guinchou o bruxo, mas todos os seus poderes mágicos não conseguiram calar a panela verrugosa, que seguiu saltitando o dia todo, zurrando e gemendo e clangorando, aonde quer que ele fosse ou o que quer que fizesse.

     Naquela noite ouviu-se uma terceira batida na porta, e ali, na soleira, estava parada uma jovem mulher soluçando como se o seu coração fosse partir de dor.

     -O meu filhinho está gravemente doente - disse ela - Por favor, pode nos ajudar? Seu pai me disse para vir se tivesse algum pro...

     Mas o bruxo bateu a porta na cara da jovem.
     E agora a panela atormentadora se encheu até a borda de água salgada e derramou lágrimas por todo o chão enquanto pulava, zurrava, gemia e fazia brotar ainda mais lágrimas.
     Embora, pelo resto da semana, nenhum outro aldeão tivesse vindo à cabana do bruxo buscar ajuda, a panela o manteve informado dos seus muitos males. Em poucos dias ela não estava apenas zurrando, gemendo, transbordando, pulando e brotando verrugas, mas também engasgando e tendo ânsias de vômito, chorando como um bebê, ganindo feito um cão e cuspindo queijo estragado, leite azedo e uma praga de lesmas vorazes.
     O bruxo não conseguia dormir nem comer com a panela ao seu lado, mas ela se recusava a sumir dali, e ele não podia silenciar nem forçar o caldeirão a parar.
     Por fim, não aguentou mais.

     -Tragam-me todos os seus problemas, todas as suas preocupações e todas as suas tristezas! -gritou, fugindo noite adentro, com a panela perseguindo-o aos saltos pela estrada que levava à aldeia. -Venham! Deixem que eu cure vocês, recupere vocês e console vocês! Tenho a panela do meu pai e vou remediar tudo!

     E, com a detestável panela ainda a persegui-lo saltitante, ele correu pela rua principal lançando feitiços para todos os lados.
     Dentro de uma casa, as verrugas da garotinha desapareceram enquanto ela dormia; a jumenta perdida foi trazida de urzal distante e suavemente deixada em seu estábulo; o bebê doente foi umedecido com ditamno e acordou bom e rosado. Em todas as casas em que havia doença e tristeza, o bruxo fez o melhor que pôde, e gradualmente a panela ao seu lado parou de gemer e ter ânsias de vômito, e sossegou, reluzente e limpa.

     -E então Panela? - perguntou o bruxo trêmulo, quando o sol começou a despontar.

     A panela arrotou p pé de pantufa que ele havia jogado em seu fundo, e permitiu que o bruxo o calçasse em seu pé de latão. Juntos, eles regressaram à casa, os passos da panela finalmente abafados. Mas, daquele dia em diante, o bruxo passou a ajudar os aldeões exatamente como fazia seu pai, antes dele, para que a panela não descalçasse a pantufa e recomeçasse a saltitar.

fonte: Os Contos de Beedle, o Bardo J.K. Rowling

     



     Essa é a primeira de algumas histórias de Os Contos de Beedle, o Bardo. Gostaram? Comentem e recomendem meu blog!

      Nox!

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